A igreja não pode nem deve se omitir, diante de tão sério e decisivo processo.
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Momento em que posicionamento político da CONFRADESP era debatido em plenário |
A 37º AGO – Assembléia Geral Ordinária da CONFRADESP – Convenção Fraternal Interestadual das Assembléias de Deus do Ministério do Belém em São Paulo, foi realizada no último dia 05 de outubro. Milhares de pastores foram inscritos para o evento e participaram. Na ocasião, entre diversos temas discutidos pelos convencionais, foi abordado sobre o envolvimento e o posicionamento da convenção e da igreja em relação às eleições 2010 para presidente da República. O tema aqueceu o período de discussões da manhã, que teve que ser estendido pelo plenário para o debate. Era unânime a opinião de contrariedade à eleição de Dilma Rousseff (PT) para ocupar o cargo, em função de seus polêmicos posicionamentos relacionados a diversos temas que ferem a saúde, a moral da família e a liberdade religiosa no país. Por esta razão, todos naquela ocasião, demonstraram preocupação com a possível decisão de apoio da candidata Marina Silva (PV), derrotada nas urnas como terceira candidata mais votada para o cargo no país.
O Pr. José Wellington Bezerra da Costa, presidente da CONFRADESP, declarou que havia feito duas ligações importantes: uma para o presidente da convenção no estado em que Marina Silva serve a Deus e outra para o próprio pastor da candidata. Teria ouvido dos dois que fariam o possível para convencê-la a não apoiar Dilma Rousseff no segundo turno, mas que a decisão evidentemente seria dela e do seu partido, o PV – Partido Verde. Foi neste momento que pedi para fazer o uso da palavra na tribuna e então sugeri e defendi que a CONFRADESP, tanto quanto a CGADB – Convenção Geral das Assembléia de Deus no Brasil, também presidida pelo Pr. José Wellington Bezerra da Costa, e à qual, também sou filiado, deveriam se posicionar de forma clara e pública apoiando a candidatura de José Serra (PSDB) à presidência e manifestar o mesmo posicionamento ao PV e à Marina Silva. Após falar por 5 minutos aproximadamente, a sugestão foi apresentada para apreciação dos convencionais e, imediatamente, aprovada por unanimidade. Outros convencionais de diversas regiões do estado também fizeram uso da tribuna e falaram defendendo a idéia. A atitude do Pr. José Wellington foi absolutamente democrática, coerente, correta e respeitosa.
Após isto, durante o conturbado e polêmico processo político que temos enfrentado no país nos últimos dias, tenho recebido inúmeros emails de companheiros, diariamente, referindo-se ao tema. A maioria concordou e aprovou minha atitude e sugestão na 37ª AGO, enquanto outra parte mostrou-se duvidosa em relação à correção do posicionamento da CONFRADESP, e consequentemente, da CGADB, representada pelo seu presidente Pr. José Wellington Bezerra da Costa, que gravou depoimento utilizado abertamente na campanha do candidato José Serra na televisão, assim como outros líderes também o fizeram. O que os duvidosos teêm colocado em pauta, é a possibilidade do candidato não vencer as eleições e o que isto poderá representar para a igreja. De forma resumida, quero primeiramente explicar porque defendi posicionamento claro e aberto da CONFRADESP e de nossas igrejas:
1) Porque atualmente representamos considerável força como eleitores no país.
2) Porque em virtude disto, tornamo-nos interessantes a qualquer candidato sensato durante o período eleitoral.
3) Porque a igreja é parte da sociedade organizada e não pode esquivar-se de cumprir seus deveres civis e políticos.
4) Porque paralelamente aos nossos deveres civis e políticos deve andar nosso compromisso espiritual, bíblico, moral e ético no que tange às escolhas que fazemos.
5) Porque temos o dever de orientar nosso povo como guias espirituais que somos.
6) Porque nossa responsabilidade pastoral vai além das paredes de nossos templos não permitindo-nos o enclausuramento social nem tampouco aos membros de nossas igrejas.
7) Porque embora respeitemos o voto da pessoa como cidadã, e a deixemos livre para votar como é natural do processo democrático, em fase de campanha eleitoral também temos o direito de apresentar nossa defesa em prol do candidato que acreditamos ser o mais preparado para o país, assim como temos também o direito legal, moral, espiritual e consciente de demonstrar os pontos negativos que vemos em qualquer um deles, desaconselhando o voto. Frise-se que aconselhar ou desaconselhar, não significa obrigar, constranger, intimidar, ameaçar ou qualquer coisa do tipo; apenas orientar. É óbvio que somos fortes formadores de opinião.
8) Porque a igreja nunca temeu nem poderá temer enfrentar qualquer ameaça ou desafio publicamente, desde os tempos da igreja primitiva.
9) Porque utilizar a Bíblia para afirmar que as profecias prevêem piora do quadro social, e por isso, não há o que fazer, é fugir da responsabilidade de escolha que Deus proporcionou a cada um de nós para decidir o que é bom e o que é ruim, ou que é melhor e o que é pior.
10) Porque a igreja precisa marcar presença no contexto social, afinal, ela faz parte ativamente dele e não há como não fazer. É verdade que o estado é laico e não pode interferir em decisões internas da igreja, mas não é verdade que por esta razão a igreja não deva ou não possa influenciar pessoas no que tange às escolhas relacionadas ao estado. Ela é constituída de cidadãos comuns, eleitores, pagadores de impostos e que participam da civilidade e do estado de direito.
Mas, e se o candidato apoiado pela igreja não vencer as eleições?
1) Não há problema. Os cidadãos que constituem a igreja participaram de um processo natural de escolha, e portanto, fizeram uso do direito de defender o que acreditam.
2) Não há problema. O candidato que vencer as eleições não deverá governar apenas para os que o elegeram, mas para o país como um todo, inclusive para a igreja.
3) Não há problema. A igreja não verá mais o eleito como candidato, mas a partir de então como autoridade constituída. Então deverá cumprir o dever bíblico de orar pelo governante, seja ele quem for, para que faça uma boa gestão, cumpra os desígnios de Deus e atenda aos anseios da população melhorando a qualidade de vida em todos os aspectos, consciente, claro, dos ideais e propósitos do então eleito. Caso seja eleito o que defendeu, agradecerá a Deus e orará por ele da mesma forma, para que não nos decepcione, nem à nação.
4) A igreja continuará sua marcha, anunciando o evangelho e através dele lutando para melhorar as vidas das pessoas, inclusive com as ações sociais que nunca deixou de executar.
5) Ficará na consciência de cada um, como a qualquer cidadão comum, a responsabilidade de haver feito a escolha certa ou errada, a melhor ou a pior.
Que Deus nos guarde, nos dirija e abençoe nosso país. Que sejamos luz em meio a uma geração cercada por densas trevas. Que façamos tudo para a glória de Deus!
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (I Coríntios 10: 31)
Pr. Jesiel Freitas