TEMPO DE CURA

“Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor” (Ecles. 11:10)

Caminhamos para os momentos finais de 2009 levando conosco para o próximo ano a expectativa dos acontecimentos vindouros em nossas vidas. Todo ano acontece exatamente à mesma coisa. O pesar por tudo o que planejamos, mas não se cumpriu, e a esperança de que a gente consiga chegar lá. Essas coisas com o passar do tempo vão se estabelecendo como rotinas em nossas vidas, e as emoções das festas já não são mais as mesmas. Elas estão lá, em algum lugar do coração, mas por motivações diferentes e com intensidades diferentes.
É triste a realidade, mas precisa ser observada com atenção. As pessoas vão se tornando frias emocionalmente e acomodadas ao padrão de relacionamentos que a sociedade à nossa volta impõe. Pena que esse padrão não seja bom e define modelos extremamente negativos para serem copiados. Um exemplo disto é a lei da reciprocidade negativa (é assim que chamo isto); se as pessoas nos ofendem, nos maltratam, nos prejudicam e nos desprezam, devemos responder à altura: ofendendo, maltratando, prejudicando e desprezando. Claro que em época de festas fala-se muito em paz e amor, mas na maioria das vezes não é o que de fato acontece dentro de muita gente. Deixarei de lado por enquanto, as questões religiosas e de fé natalina. Eu poderia tratar aqui de assuntos relacionados ao nascimento de Cristo (que é a principal razão sugerida pelo Natal para as comemorações), mas por ora quero tratar de sentimentos particulares, específicos e destrutivos que têm sido transportados nos corações das pessoas.
Raiva, ira, vingança, ódio, sentimento de desprezo, rompimento de amizades – pequenas e grandes -, bloqueio de relações e até riscar definitivamente pessoas do círculo de convivência tem sido os sentimentos e atitudes que tem acompanhado muitos seres humanos nesses tempos. A pergunta é: isto pode nos trazer alguma coisa boa, ou definitivamente só nos trará resultados ruins, negativos e destrutivos? O sábio Salomão escreveu as palavras acima no livro de Eclesiastes (Almeida Revista e Atualizada) e nos leva a refletir sobre dois conselhos interessantes. O primeiro diz: “Afasta, pois, do teu coração o desgosto”. Isto é muito sério. É a razão da tristeza, doença, amargura e vazio de muita gente. Corações tomados pelo desgosto são doentes, apáticos, vazios e extremamente negativos. A palavra desgosto, de acordo com o dicionário Michaellis da Língua Portuguesa, tem vários significados. Vejamos:

Desgosto = 1 Ausência de gosto ou prazer. 2 Desprazer, mágoa, pesar, sentimento. 3 Aversão, desagrado, descontentamento, repugnância.

Como percebemos a palavra define exatamente os sintomas vividos por àquelas pessoas que carregam o sentimento consigo. São desprovidas de gosto, de prazer, de contentamento. Estão sempre tristes, abatidas, sem alegria alguma e descontentes com tudo. Por mais redundantes que possam parecer estes termos, eles definem momentos diferentes vividos por uma mesma pessoa em circunstâncias diferentes do seu dia. Várias coisas podem provocar o desgosto ao longo da vida: a perda de alguém querido, a perda de uma grande amizade, a decepção com as pessoas, a mágoa gerada através de palavras ou atitudes de outros em relação a nós etc. Enfim, estamos expostos em todos os momentos a situações e fatos que podem nos causar desgosto. Esse sentimento negativo pode nos levar à ruína completa. Pessoas sofrem depressão em razão do desgosto. Tornam-se negativas, descrentes, desconfiadas e retraídas.
Mas isto pode ser mudado. E só quem pode mudar isto somos nós mesmos. Como é possível resolver este sério problema? Bem, eu poderia fazer uma lista de atitudes que nos levam a vencer este péssimo sentimento, mas apenas algumas serão suficientes para nos fazer compreender. É importante, por exemplo, aprender a perdoar; perdoar aos outros e perdoar a si mesmo. Quando não se perdoa cria-se no coração uma pequena amargura que vai lentamente crescendo até tornar-se monstruosa. Esta amargura impede a alegria de chegar perto de nós e faz desfigurar nosso semblante. O desgosto dificilmente pode ser disfarçado. Mas sabe o que é ainda mais grave? É que quando não cuidamos disto em tempo, o desgosto vai tomando a forma de dor e vai se tornando uma dor cada vez maior. É uma dor que vai crescendo gradativa, lentamente, até tornar-se extremamente incômoda e às vezes, até insuportável. É o segundo conselho do sábio Salomão: “remove da tua carne a dor”. Pelo visto ele lidava bem com isto, até porque, tornou-se desgostoso e cheio de dores em face dos vários erros cometidos durante sua trajetória, e então no final de sua vida escreve sobre isto. Um sábio conselho para uma vida feliz, embora pareça ousado demais para ser dado. Como é possível fazer isto? O que ele diz é exatamente isto: “arranque a dor que incomoda o teu coração”, como se a dor pudesse ser arrancada com as próprias mãos num gesto simples. Mas ele estava com a razão. Ninguém pode tirar a dor do teu coração a não ser você mesmo...

Só você pode evitá-la tratando com seriedade o desgosto para que ele não se transforme em tal e só você tem o poder de arrancar esta dor que te impede de ser feliz! Em tempos de festa precisamos aproveitar o clima de paz e de harmonia tão pregado por todos, por buscarmos esta paz e esta harmonia com as pessoas à nossa volta e conosco mesmos. Quem sabe já não seja hora de você levar isto a sério? Descer do seu orgulho e relevar, perdoar e esquecer? Há ainda outra forma: aprender a pedir perdão. Se as pessoas soubessem o bem que isto traz a si mesmas fariam isto com muito mais freqüência e menos orgulho. Uma forma de fazer isto é permitir que Deus opere a cura em você. Há pessoas que dizem: "não peço perdão e não perdôo. Se o outro quiser ele que venha até mim"! Aí continuam doentes, apáticas, desgostosas e cheias de dores. Pior: tornam-se doentes emocionais com seqüelas físicas no futuro. Lembremo-nos do que ensinou o Senhor Jesus: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;” (Mateus 5: 44). E ainda: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6: 14,15).

Se queremos entrar o novo ano em paz e felizes, então que iniciemos tudo pelo certo: “Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor”.

Deus te abençoe e tenha um Maravilhoso Natal e um Espetacular 2010!!